Tuesday, June 3, 2008

Sócrates e a Democracia Ateniense



“ Sócrates, foi um cidadão exemplar de Atenas, no entanto a cidade que tanto amou acabaria por condená-lo à morte.”

“ Cícero relata que Sócrates costumava responder a quem lhe perguntava qual era a sua pátria: a terra inteira, querendo com isto dar a entender que se considerava cidadão do mundo.”


Sócrates, foi um filósofo ateniense e um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental e um dos fundadores da actual Filosofia Ocidental.
Passou a sua vida nas ruas e praças de Atenas, onde de manhã passeava e frequentava os ginásios; na hora em que o mercado fervilhava ia até ao Ágora praça principal na constituição da pólis a cidade grega da antiguidade clássica.


Normalmente era um espaço livre de edificações, configurada pela presença de mercados e feiras livres em seus limites, assim como por edifícios de carácter público.” “É nela que o cidadão grego convive com o outro, onde ocorrem as discussões políticas e os tribunais populares: é, portanto, o espaço da cidadania. Por este motivo, a ágora era considerado um símbolo da democracia directa, e, em especial, da democracia ateniense, na qual todos os cidadãos tinham igual voz e direito a voto. “




Sócrates falava com todas as pessoas desde o artesão ao político. Ele gostava muito de provocar a conversa com as pessoas, questionar suas afirmações sustentava estar “atendendo aos desejos dos deuses, ao sair e discutir com as pessoas. Sócrates foi uma figura singular entre os estudiosos da Atenas antiga, apresentando-se não como um mestre do conhecimento, mas como um colega que também tentava descobrir a verdade ao longo das discussões, na maior parte das vezes informais. Queria que o homem actuasse em função de valores o que equivale a dizer que a sua tarefa, a sua «missão», à qual, de resto, ele atribuía uma origem divina, foi a de educador na Cidade. E para que isto fosse possível fazia uso da sua técnica que ele próprio definiu como “método Socrático” que “consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em que, utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado.”

Não foi apenas ao Estado e á sua historia que Sócrates ligou o seu destino a Atenas mas sobretudo á cidade em si mesma.

“Sócrates era um filósofo urbano mandava para o diabo o céu e as estrelas, era a moral no interior dos homens que lhe interessava. Ele ía aonde estavam os atenienses, a casa deles ao ginásio ou às salas de desporto, e sobretudo à Ágora, as mulheres estavam em casa com os filhos, os homens-livres ocupados terminavam os seus afazeres no princípio da tarde, os escravos trabalhavam para o bem de todos e da paz pública, em suma, reinava a ordem ateniense. Sócrates dedicava-se então ao prazer da ociosidade e da conversa com os outros.
Foi um dos cidadãos de Atenas, senão o maior, que mais amou e lutou pela sua cidade.”

Democracia Ateniense






“Vivemos sob a forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar os outros. Seu nome, como tudo o que depende não de poucos mas da maioria, é democracia"
Péricles, Oração fúnebre, in Tucidides

Características da Democracia Ateniense:


→ O poder de governar pertence ao povo, isto é, ao conjunto dos cidadãos;
→ Igualdade de direitos de todos os cidadãos;
→ Péricles determinou que os cargos públicos fossem pagos, para que todos os cidadãos, mesmo os mais pobres, os pudessem exercer;
→ Qualquer cidadão podia ser eleito ou sorteado para os cargos públicos, para mandatos anuais;
→ A Democracia Ateniense era uma Democracia Directa, isto é, todos os cidadãos participavam na Eclésia (Assembleia dos Cidadãos) e todos podiam ser eleitos ou sorteados para as outras instituições.


Limitações da Democracia Ateniense:



→ Apenas os cidadãos podiam participar na vida política da pólis;
→ Às mulheres dos cidadãos não era permitido participar na vida política e tinham direitos muitos limitados, estando na dependência dos pais ou dos maridos;
→ Os metecos (estrangeiros residentes em Atenas), embora tivessem um papel fundamental na economia, pagassem impostos e cumprissem serviço militar, não tinham direitos políticos;
→ A sociedade ateniense era esclavagista. Os escravos eram considerados objectos. Eram propriedade dos seus donos e não possuíam quaisquer direitos.
→ Praticava o ostracismo (exílio), afastando os que pusessem em perigo o regime democrático.

Lúcia Ferreira

Friday, May 30, 2008

E SE SÓCRATES VIVESSE NOS DIAS DE HOJE?

A DEMOCRACIA ATENIENSE


A democracia de Atenas no Século V a.C. caracterizava-se pela chamada democracia directa, ou seja, a participação de todos os cidadãos nos actos públicos. No entanto, o ter a categoria de cidadão não estava aberta a todos e para tal era necessário preencher os seguintes requisitos: Não dever nada ao Tesouro Público; Ser legitimamente casado; Possuir bens em Atenas; Ter cumprido os deveres para com seu pai e mãe; Ter feito expedições militares sem desistir e Ser filho de pais atenienses ficando deste modo fora da participação pública as mulheres, os escravos e todo o maior de idade que não preenchesse os requisitos.
Assim, cada cidadão fazia-se representar a si próprio na Ágora e cabia a ele, e só a ele, dar a sua opinião. ( «Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega
da Antiguidade clássica. Normalmente era um espaço livre de edificações, configurada pela presença de mercados e feiras livres nos seus limites, assim como por edifícios de carácter público. Enquanto elemento de constituição do espaço urbano, a Ágora manifesta-se como a expressão máxima da esfera pública na urbanística grega, sendo o espaço público por excelência. É nela que o cidadão grego convive com o outro, onde ocorrem as discussões políticas e os tribunais populares: é, portanto, o espaço da cidadania. Por este motivo, a Ágora era considerada um símbolo da democracia directa, e, em especial, da democracia ateniense, na qual todos os cidadãos tinham igual voz e direito a voto. A de Atenas, por este motivo, também é a mais conhecida de todas as Ágoras nas polis da antiguidade.» ). Estavam deste modo expostos ao público em geral sem que houvesse diferenciação entre o povo e os sábios da época.



SÓCRATES E A DEMOCRACIA DE ATENAS




Com a intervenção de Sócrates na cidade de Atenas, e fazendo uso do seu método socrático ( «o método socrático consiste numa prática muito famosa de Sócrates, o filósofo, em que, utilizando um discurso caracterizado pela maiêutica e pela ironia, levava o seu interlocutor a entrar em contradição, tentando depois levá-lo a chegar à conclusão de que o seu conhecimento é limitado») Sócrates revoluciona o pensar em Atenas. É contestado por uns e apoiado por outros chegando mesmo a ser condenado à morte por corromper a juventude e de agir contra os deuses da cidade.
A nível da polis, ele defende que as decisões devem ser tomadas pelos mais sábios e não permitir que a governação esteja ao nível de todos. Assim, Sócrates defende a Democracia Aristocrática («o poder dos melhores») para não permitir que a governação da cidade esteja entregue aos ignorantes mas sim aos sábios.




A DEMOCRACIA ACTUAL




Actualmente, vivemos numa democracia designada por democracia representativa, onde elegemos, através de escrutínio secreto, o nosso representante para a governação e que assim toma as decisões em nome do povo.





E SE SÓCRATES VIVESSE NOS TEMPOS DE AGORA?





Com uma personalidade inigualável, Sócrates revolucionou o modo de actuar na governação da Cidade. Ao defender que na governação deveria tomar partido “o rei dos sábios”, ou seja, a Democracia Aristocrática, Sócrates prevê que a governação entregue à plebe resultaria de um fraco desenvolvimento e deixasse de ser praticável devido ao facto de estar entregue aos ignorantes. Por outro lado, Sócrates defende que cada indivíduo deverá pensar e agir por si mesmo, sem se deixar influenciar por opiniões terceiras.
Esta ideia de Sócrates de que o poder deve estar entregue aos Aristocratas da altura pode cair em falácia pois na sua ida ao Oráculo de Delfos foi-lhe transmitido que o Homem mais sábio de Atenas era ele próprio. Esta afirmação poderá levar à interiorização da tomada de protagonismo absoluto. Mais tarde, na sua condenação à morte, todos esperavam a sua fuga o que não veio a acontecer. Aceitou a cicuta e morreu assim mesmo.
Numa sociedade contemporânea, onde o consumo e o bem-estar prevalece face aos interesses políticos de governação e onde o Estado é a imagem de uma sociedade decadente e com falta de ambição, de identidade própria e de respeito mútuo, um pensamento e uma forma de estar como a de Sócrates seriam incompatíveis. Uma pessoa que dedicou todo o seu tempo a pensar e a defender a participação activa nas questões da governação da cidade seria agora abalroado com os interesses meramente económicos dos nossos representantes.
Assim, habituados a um comodismo que nos é característico e a um desinteresse e descrença absoluta nas questões políticas, a não ser por meros interesses, alguém com o espírito de entrega total à sociedade e ao seu bem-estar, e com o poder de persuasão que lhe foi característico e que ainda hoje é reconhecido por todos, 25 Séculos após a sua existência, não passaria impune aos olhos do poder capitalista.
Concluindo, se Sócrates fosse hoje cidadão certamente voltaria a ter de praticar o seu método, para assim colocar em causa tudo o que se vê e ouve nos meios de comunicação social que, muitas vezes, se não sempre, estes são usados de forma manipuladora, eufemísticamente, para lançar uma névoa que cobre muito facilmente os olhos a um cidadão preocupado em saber se a Lara fica com o Martim ou como ficou aquele jogo de futebol, em detrimento de uma busca da verdade, muitas vezes oculta por detrás de uma notícia sensacionalista onde o seu maior objectivo é vender a notícia e não informar os cidadãos. Ao nível político, Sócrates seria obrigado a intervir, viria para os lugares públicos fazer como há 25 Séculos atrás, conversando com quem se cruzava com ele na rua tentando de uma forma desesperada e desenfreada despertar as pessoas para a dura realidade em que vivemos deixando assim os altos sonhos de que amanhã será melhor, mesmo que não se faça nada.

BIBLIOGRAFIA

Sítios da internet


http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_ateniense - A Democracia ateniense
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gora – Definição de Ágora
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_socratico – Definição de “Método Socrático”
"http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_ateniense"http://pt.wikipedia.org/wiki/Aristocracia - Definição de Aristocracia



Outros sítios com interesse:


http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/socrates/vidadesocrates.htm - Trabalho sobre a vida de Sócrates
http://www.flupsophia.com/filosofia/filosofia_antiga/rev_antrop_socrates.htm - A antropologia de Sócrates
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1341.pdf - Obras sobre filósofos




Cândido Oliveira

Friday, May 16, 2008

A FILOSOFIA NA CIDADE – Objectivos.

A FILOSOFIA NA CIDADE – Objectivos.

1. Evidenciar a dimensão política da filosofia e a sua contribuição para a construção da cidadania:

• Distinguindo espaço público e espaço privado;

• Reconhecendo o espaço público como espaço estratégico para a construção e o exercício da cidadania;

• Salientando a importância do espaço privado para um exercício efectivo da cidadania;

• Mostrando a necessidade e a importância da convicção, da tolerância e do diálogo para a construção e aprofundamento da cidadania.

2. Debater problemas colocados pela sociedade da informação e pela globalização na actualidade:

• Reconhecendo as possibilidades de enriquecimento pessoal, social e culturais proporcionadas pela sociedade da informação;

• Reconhecendo a necessidade de submeter ao pensamento crítico a multiplicidade das fontes e dos conteúdos da informação;

• Problematizando a relação entre globalização e diversidade cultural;

• Reconhecendo a importância do diálogo e comunicação entre culturas;

• Distinguindo o respeito pela diversidade cultural do indiferentismo moral;

• Problematizando a relação entre direitos humanos e globalização.

Regras de elaboração do trabalho.

O trabalho consistirá na escolha, delimitação e desenvolvimento de um tema (inserido nos conteúdos programáticos) que poderá ser elaborado individualmente ou em grupo.

Na hipótese de opção por trabalho em grupo, deverá ser delimitada (e identificada) a parte da responsabilidade de cada um dos elementos do grupo.

O trabalho deverá ser apresentado por escrito e segundo as normas por que se regem os trabalhos do género, de procura de informação e indicação bibliográfica (ou fontes)