A democracia de Atenas no Século V a.C. caracterizava-se pela chamada democracia directa, ou seja, a participação de todos os cidadãos nos actos públicos. No entanto, o ter a categoria de cidadão não estava aberta a todos e para tal era necessário preencher os seguintes requisitos: Não dever nada ao Tesouro Público; Ser legitimamente casado; Possuir bens em Atenas; Ter cumprido os deveres para com seu pai e mãe; Ter feito expedições militares sem desistir e Ser filho de pais atenienses ficando deste modo fora da participação pública as mulheres, os escravos e todo o maior de idade que não preenchesse os requisitos.
Assim, cada cidadão fazia-se representar a si próprio na Ágora e cabia a ele, e só a ele, dar a sua opinião. ( «Ágora era a praça principal na constituição da pólis, a cidade grega da Antiguidade clássica. Normalmente era um espaço livre de edificações, configurada pela presença de mercados e feiras livres nos seus limites, assim como por edifícios de carácter público. Enquanto elemento de constituição do espaço urbano, a Ágora manifesta-se como a expressão máxima da esfera pública na urbanística grega, sendo o espaço público por excelência. É nela que o cidadão grego convive com o outro, onde ocorrem as discussões políticas e os tribunais populares: é, portanto, o espaço da cidadania. Por este motivo, a Ágora era considerada um símbolo da democracia directa, e, em especial, da democracia ateniense, na qual todos os cidadãos tinham igual voz e direito a voto. A de Atenas, por este motivo, também é a mais conhecida de todas as Ágoras nas polis da antiguidade.» ). Estavam deste modo expostos ao público em geral sem que houvesse diferenciação entre o povo e os sábios da época.
SÓCRATES E A DEMOCRACIA DE ATENAS
Com a intervenção de Sócrates na cidade de Atenas, e fazendo uso do seu método socrático ( «o método socrático consiste numa prática muito famosa de
A nível da polis, ele defende que as decisões devem ser tomadas pelos mais sábios e não permitir que a governação esteja ao nível de todos. Assim, Sócrates defende a Democracia Aristocrática («o poder dos melhores») para não permitir que a governação da cidade esteja entregue aos ignorantes mas sim aos sábios.
A DEMOCRACIA ACTUAL
Actualmente, vivemos numa democracia designada por democracia representativa, onde elegemos, através de escrutínio secreto, o nosso representante para a governação e que assim toma as decisões em nome do povo.
E SE SÓCRATES VIVESSE NOS TEMPOS DE AGORA?
Com uma personalidade inigualável, Sócrates revolucionou o modo de actuar na governação da Cidade. Ao defender que na governação deveria tomar partido “o rei dos sábios”, ou seja, a Democracia Aristocrática, Sócrates prevê que a governação entregue à plebe resultaria de um fraco desenvolvimento e deixasse de ser praticável devido ao facto de estar entregue aos ignorantes. Por outro lado, Sócrates defende que cada indivíduo deverá pensar e agir por si mesmo, sem se deixar influenciar por opiniões terceiras.
Esta ideia de Sócrates de que o poder deve estar entregue aos Aristocratas da altura pode cair em falácia pois na sua ida ao Oráculo de Delfos foi-lhe transmitido que o Homem mais sábio de Atenas era ele próprio. Esta afirmação poderá levar à interiorização da tomada de protagonismo absoluto. Mais tarde, na sua condenação à morte, todos esperavam a sua fuga o que não veio a acontecer. Aceitou a cicuta e morreu assim mesmo.
Numa sociedade contemporânea, onde o consumo e o bem-estar prevalece face aos interesses políticos de governação e onde o Estado é a imagem de uma sociedade decadente e com falta de ambição, de identidade própria e de respeito mútuo, um pensamento e uma forma de estar como a de Sócrates seriam incompatíveis. Uma pessoa que dedicou todo o seu tempo a pensar e a defender a participação activa nas questões da governação da cidade seria agora abalroado com os interesses meramente económicos dos nossos representantes.
Assim, habituados a um comodismo que nos é característico e a um desinteresse e descrença absoluta nas questões políticas, a não ser por meros interesses, alguém com o espírito de entrega total à sociedade e ao seu bem-estar, e com o poder de persuasão que lhe foi característico e que ainda hoje é reconhecido por todos, 25 Séculos após a sua existência, não passaria impune aos olhos do poder capitalista.
Concluindo, se Sócrates fosse hoje cidadão certamente voltaria a ter de praticar o seu método, para assim colocar em causa tudo o que se vê e ouve nos meios de comunicação social que, muitas vezes, se não sempre, estes são usados de forma manipuladora, eufemísticamente, para lançar uma névoa que cobre muito facilmente os olhos a um cidadão preocupado em saber se a Lara fica com o Martim ou como ficou aquele jogo de futebol, em detrimento de uma busca da verdade, muitas vezes oculta por detrás de uma notícia sensacionalista onde o seu maior objectivo é vender a notícia e não informar os cidadãos. Ao nível político, Sócrates seria obrigado a intervir, viria para os lugares públicos fazer como há 25 Séculos atrás, conversando com quem se cruzava com ele na rua tentando de uma forma desesperada e desenfreada despertar as pessoas para a dura realidade em que vivemos deixando assim os altos sonhos de que amanhã será melhor, mesmo que não se faça nada.
BIBLIOGRAFIA
Sítios da internet
http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_ateniense - A Democracia ateniense
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gora – Definição de Ágora
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_socratico – Definição de “Método Socrático”
"http://pt.wikipedia.org/wiki/Democracia_ateniense"http://pt.wikipedia.org/wiki/Aristocracia - Definição de Aristocracia
Outros sítios com interesse:
http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/socrates/vidadesocrates.htm - Trabalho sobre a vida de Sócrates
http://www.flupsophia.com/filosofia/filosofia_antiga/rev_antrop_socrates.htm - A antropologia de Sócrates
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/1341.pdf - Obras sobre filósofos
Cândido Oliveira
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